sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Tempo bom


Quando pensas em tempo bom, aposto que lhe vem à cabeça um dia ensolarado. Tempo bom é aquele que te dá vida. Se penso em um, lembro-me depressa de um dia nublado e chuvoso, sem dúvida.

Que deslumbrante é ver enquadrado pelos vidros embaçados as pessoas vestidas de chuvas, coloridas e charmosas, sentir o perfume que acabara de colocar pós banho, lembrar que cinza também é cor do céu, observar a dança dos coloridos guarda-chuvas, brincar com o vapor no vidro, notar as vibrantes cores das luzes refletidas em gotas, sentir a brisa gelada e úmida que causa arrepio e encolhimento, como se o vento te obrigasse a amar-te enquanto te proteges dele. Puro romance! São sensações pouco apreciadas. Uns sentem a chuva, outros apenas se molham. Uns veem gramas molhadas, outros, orvalhos descansando na natureza. Não há dia mais nostálgico e reflexivo. Ver o céu chorar mesmo com toda sua grandeza, consola até os mais durões.

Permitir-se aos bocejos da preguiça que a temperatura causa, é muito compreensível, quem não gostaria de estar na cama? Mas há quem goste de sair do conforto de casa só para experimentar a sensação glamourosa europeia de se caminhar como se aquele dia fosse um dia comum.

Ah! Um bom livro agora com chocolate quente, um filme com os amigos ou um vinho e um par. Antes da minha escolha, estou aqui a escrever, também é uma boa escolha para o início de um belo dia nublado.

E quem diz “tempo fechado”, “tempo feio” e “tempo ruim”, não sabe extrair da aparência a essência da beleza.



quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Poesia imóvel


Qual foi o melhor momento da sua vida? Muitos? Consegue lembrá-los? 

Nossas lembranças desvanecem-se em complô com o tempo. Remanescem os fragmentos aleatórios de lembranças das quais jamais deveríamos olvidar.
Ainda não podemos perpetuar histórias, mas chegamos perto ao materializá-las, documentando momentos importantes. Cada registro compacta um grande acontecimento do qual ao lembrarmos trazemos toda a emoção vivida. A fotografia é um dos recursos, está para mim como minha segunda linguagem.
Fotografar é eternizar a perspectiva sob a imagem da qual pelo olhar se projetou, seja ela emocionante ou representativa.
Se dar conta de que a arte está presente em tudo, completamente tudo no que podemos ver, e saber que, podemos extrair a beleza de momentos simples do cotidiano, é estar preparado para testemunhar os milagres da vida, é perceber o que de fato podemos contemplar. O que se passa despercebido por um olho comum, é por algumas vezes uma grande arte para uma objetiva.
Fotografias são os instantes deixando-se ver tal como são, permitindo seu espaço físico inserido na subjetividade de um realismo provocativo.
Fotografar é uma forma de expressão na qual se dispensa tradução autoral, ela é interpretada no seu visual e permite mais de uma percepção. É então a tradução social.
Não há atalhos ou obstáculos na fotografia, mas é preciso saber compor o olhar. Todos podem fotografar, mas a percepção é para poucos e o reconhecimento também.

 "Uma fotografia é um segredo sobre um segredo, quanto mais te diz, menos sabe." - Diane Arbus

“O escritor e o fotógrafo utilizam as mesmas ferramentas, mas enquanto um descreve uma imagem com mil palavras o outro descreve mil palavras com uma imagem." Jefferson Luiz Maleski


terça-feira, 18 de novembro de 2014

Apagando a vela!


Esse é o mês de aniversário do Blogger. 1 ano, gente! Meu filho já anda, que depressa! Há 1 ano compartilho aqui neste Blogger minhas humildes e principiantes crônicas. 
Sou boa de gargalhar, de comer e observar, adoro falar, mas não sei me expressar como eu gostaria, então escrever se tornou meu refúgio experimental. Escrever torna as ideias existenciais e eterniza, ao contrário do ardor momentâneo de se falar. 
Gostaria de agradecer a cada elogio, a cada revisador (há um rodízio... hahahahaha), a cada compartilhamento e cada identificação. Vocês me mantêm (não como uma Deusa), mesmo quem não comenta, curte ou compartilha, mas vejo que você participou lendo, isso é  tudo. Espero continuar no pique, que embora tenha diminuído por causa da falta de tempo, mas está a vapor.
Sintam-se saboreando um belíssimo bolo agora. Beijinhos!

domingo, 26 de outubro de 2014

Sufrágio universal


Nunca fui tão ligada à política, pois o que chamam de democracia, chamo de obrigação, e nem tudo o que é obrigação te satisfaz, mas a praticamos desde criança quando elegemos o líder da brincadeira na rua e o representante da turma na escola. Sempre mantive discernimento para saber qual escolha seria menos pior e no que ela poderia melhorar, acredito que seja assim com todos. Claro que existe quem queira cuidar dos próprios interesses e não do coletivo, são minorias. 
Numa discussão sadia uma pessoa me perguntou: "Você sabe que o mundo evolui, independente do que ocorra no Brasil. Sendo assim, conseguiria separar o que evolui por ação do governo e o que avança, mesmo se o governo não quiser? O país evolui, mas a que preço? Poderia estar mais lá na frente, avançando mais rápido?". Foi até então a pergunta mais esclarecedora das que já vi. E chegamos à conclusão de que, qualquer evolução depende muito mais do povo, se não fizerem por nós, façamos nós  mesmos, e bem feito. Se acreditamos nas propostas do (a) eleito (a) , somos nós, os que elegemos, é que temos que cobrar, como aconteceu com o 'gigante'. Mas além da conversa em torno das perguntas, questionei a mentalidade das pessoas, o quanto estão acostumadas a esperar pelo governo e quanto o culpa por absolutamente tudo. E outra, quanto tempo levaria para uma considerável mudança, a mudança que almejamos? 
Para o país dar o salto de qualidade que a gente quer depende muito mais de nós, da iniciativa privada, do que do Governo. O Governo é instrumento de elevação da qualidade da nossa educação, mas se ele falha, temos que dar nosso jeito. Se não acreditarmos que existe no mundo e aqui dentro um grande complô para impedir a nossa felicidade, já teremos caminhado bem. 
Nessas eleições, vi gente chamado o outro de burro, povinho, maldosos, sem noção, terroristas, entre outras palavras ofensivas, algumas dessas pessoas que ofendiam, são até mesmo religiosas. Dessa forma o Brasil caminhará para o lado errado, alimentando preconceitos. Foi triste, mas revelava quem venceria. Sejamos Unidos, nossa luta não deve ser entre nós. Agora é arregaçar as mangas e começar as cobranças e as mudanças da mentalidade do nosso País, Pátria amada, Brasil!


terça-feira, 14 de outubro de 2014

Efêmera vida

Foto: Déborah Rodrigues

Curta, dura, enigmática, surpreendente e ruim... Assim é a vida. Já começa com a certeza que haverá fim. Então porque ela se inicia? Seria a vida um castigo dos Deuses aos Seres Humanos? Ela é o inferno no qual lutamos diariamente para amenizar sofrimentos, e conseguimos. É uma linha do tempo podre onde interferimos com pontos de felicidades, assim como fazer um casaco de lã. É procurar insistentemente razões para viver. É brincar com o lúdico.
Saber que na linha do tempo passarão vidas, tristezas, felicidades e a certeza da saudade, torna previsível o dia a dia, até que o imprevisto acontece, haverá sempre algo inesperado para acontecer que mudará o percurso.

Somos fantoches em um teatro improvisado, tem que se virar, atuar e jogar.

Acredito que, mesmo dizendo-se felizes, as pessoas mentem. Ser feliz é um sentimento egoísta com quem não teve a mesma sorte. É como ter cama pra dormir, se sentir feliz por isso e ignorar o outro que não tem onde deitar-se. 
Na distração podemos ser felizes, em alguns momentos esquecemos a infelicidade do outro. Sendo assim, não somos felizes, estamos felizes. Sorte dos egoístas de poderem enganar a vida, de por vendas em si e nos outros.

Não sendo 100% feliz, a vida não se torna 100% perpétua. Está justo.

Este texto será assim, tão breve quanto a acepção temática.

"A arte de viver consiste em tirar o maior bem do maior mal."
- Machado de Assis in: "Iaiá Garcia", capítulo III


domingo, 28 de setembro de 2014

Compreendendo a enfermidade contemporânea


Não se pode entender o que não se conhece. Não se discute o que não se viveu. Temos apenas uma ideia do que seja, às vezes uma ideia bem próxima, mas ainda assim, não o suficiente. Neste momento, estou assimilando o que me era incompreensível antes. 

Venho como caloura caindo de paraquedas no mistério das doenças psicológicas, digo, estou doente, levemente doente. Uma espécie de paranóia vinda de traumas vividos recentemente e de violências vistas por algumas vezes de frente. Por conta disso, adquiri uma taquicardia, um descontrole da respiração e nervosismo pós-sintomas. Clinicamente, não tenho nada além de 'simples' taquicardia, ansiedade e estresse e cada vez que ouço isso, (pelo menos 10 vezes nos últimos meses pelos médicos) fico mais encucada. Quantos mistérios terei que desmistificar da mente?

Enquanto duramente saudável, eu mantinha uma teoria pessoal de que as doenças psicológicas, paranóias e medos quando não se adquiria geneticamente, era pelo ambiente, e a teoria hoje se confirma pelo menos no meu caso. Explico: Se você convive com pessoas que falam sobre o assunto, presencia tais loucuras, convive com a pressão profissional, a pressão que exercemos sobre nós mesmos, assiste impotente as corrupções (que vai desde os ‘fura filas’ até o governo) e cobranças naturais do tempo, fazem com que as chances da sua mente contrair e aceitar determinados 'descontroles' se elevem. É claro que alguns seres têm a proeza de postergar ou até mesmo ignorar definitivamente tais doenças, mas me limito a entender tal fenômeno, apenas admiro e almejo.


É uma batalha particular, onde os dois lados da moeda se confrontam no campo chamado "eu". Uma angústia toma conta do peito e a partir daí tenho que lutar contra esse sentimento, enquanto o meu físico mantenho sem esboçar qualquer esforço. Sinto-me mascarada.

Ainda trabalho, escrevo, saio, vivo como antes, sem compartilhar com ninguém a hora do meu desespero, não tenho nada demais, só uma bobagem momentânea. De boa. Conheço os loucos e estou longe dessa insanidade mental genial.


domingo, 6 de julho de 2014

O surto pela escrita


Após tempos escrevendo aleatoriamente, pensando e repensando em por impresso tudo o que me vinha à cabeça, fiz um caderno com meus textos (que sumiu, durante arrumações pós obras em casa), ato que tornou o meu cotidiano mais aceitável, mais concreto e mais comum, como o efeito que um desabafo nos causa. Vira uma espécie de terapia infalível. Embora antes as escritas ficassem em gavetas, de certa forma havia um alívio em concretizar aquelas opiniões. Mas a necessidade de compartilhar minha visão sobre as coisas começou a me apetecer. Faltava algo, talvez coragem de me expor e de ser criticada, ou até mesmo do retorno negativo e ofensivo que poderia acabar com minha vontade. Percebi então que, a maior crítica vinha de dentro: autocrítica! 
Por escrever crônicas, gênero pelo qual me identifico, posso estar me precipitando, a partir do momento em que sei ser apenas uma afinidade pelo gênero, e não uma formação acadêmica, além disso, transmitir a minha visão de mundo não é coisa para a minha idade, dizem. Daí me surgiu a insegurança, mas a determinação típica da minha personalidade e a vontade de encarar desafios venceram. Então, expor minha escrita tornou-se algo prazeroso. Ao misturar cotidiano, humor e críticas em meus textos, percebo imediatamente a identificação de quem os leem, que, embora sejam poucos, me alimentam cada dia mais. Escrever crônica é sentir-se poeta dos acontecimentos do dia-a-dia, é dialogar com o leitor, e aqui entre nós, prosear é o que mais gosto de fazer.
Crônicas dificilmente são aceitas quando os leitores não as veem como tal: opinião egocêntrica do autor. Algumas vezes as opiniões são compartilhadas por alguns, acrescentadas a outros ou ignorada por poucos, não importa, penso que, duas causas importam mais para alguém que escreve algo: atingir ao menos um olhar, se não, de nada adianta se abrir, e aprender com cada experiência da escrita sempre lembrando que se fosse reescrevê-la, ela seria melhor, mas que aquele momento foi o melhor dado ao texto.
Escrevo por teimosia, de nada sei, mas gosto de fazer o que me faz bem.


segunda-feira, 9 de junho de 2014

A paz começa em casa


Engana-se quem pensa que a Lei da Palmada (nome batizado pela imprensa) que visa proibir o uso de castigos físicos, tratamentos cruéis ou degradantes na educação de crianças e adolescentes servirá para educar uma criança, mas sim para orientar e educar pais com costumes arcaicos, que acreditam na educação por meio de violência e opressão, dando dessa forma o exemplo e não uma reflexão. A lei (7672/2010) não proíbe a palmada, proíbe o exagero nas punições, o castigo físico seguido de lesões. Que cultura é essa de achar que seu filho é um objeto pessoal, e que por tê-lo parido e custeado, te dá direitos de maltratar? Como os pais de hoje querem um futuro de paz aplicando e ensinando violência em sua própria casa? 
 "A criança deixa de fazer algo por medo, não por compreender o certo e o errado" 
Pedagoga Áurea Guimarães 

Existem argumentos contrários à lei, ao meu ver, desnecessários, já que o castigo físico que causa sofrimento ou lesão, consta como lesão corporal e maus-tratos no código penal e não é de hoje. 

O número de denúncias de violação dos direitos das crianças e adolescentes cresceu 22% no primeiro semestre de 2013 na comparação com o mesmo período do ano passado, de 56.266 para 68.800. De acordo com o levantamento, divulgado em outubro deste ano, o principal tipo de violação é a negligência (73%), seguida da violência psicológica (50%) e da violência física (42%). A violência sexual (26%) é o quarto tipo de violação mais recorrente. Do total dos acusados, 35% são mães das vítimas.

Deputados evangélicos resistiam à proposta por considerá-la uma interferência do Estado na educação familiar. No dia da primeira sessão de votos, Xuxa foi hostilizada pelo deputado Pastor Eurico. Ora, não amo a Xuxa, mas a respeito como Ser Humano e por lutar pelos direitos das crianças, independente do que ela fez ou deixou de fazer no passado, acredito na mudança das pessoas e ela está provando isso. Ou será que o Pastor não acredita que alguém possa mudar para melhor? 
Em nota do líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), o partido afirmou que a conduta de Pastor Eurico foi "intolerante, desrespeitosa e desnecessariamente agressiva” e não representa de forma alguma o pensamento do PSB, que manifesta “apreço e respeito pelo empenho da referida artista, que deseja aprovar a lei que propõe a cultura da não agressão”. Beto Albuquerque afirmou ainda que o episódio foi constrangedor. Fonte: O Globo.

Quem não deve, não teme. Sua família não está ameaçada, está protegida dos maus-tratos escolar, familiar e onde ela estiver. Se estas crianças tivessem sido protegidas, nada disso teria ocorrido: 

Mãe de bebê torturado na Grã- Bretanha é condenada a 5 anos de prisão
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/05/090522_babypsentencag.shtml

Maus tratos na infância podem reprogramar gene, diz estudo

Violência doméstica: 70% das crianças vítimas sofrem as agressões em casa


Fontes:
Folha de São Paulo
BBC

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Maio e seus frutos


Dificilmente me lembro ou festejo datas comemorativas, principalmente as de apelos religiosos. Mas uma em especial gosto: Aniversário! Um dia egocêntrico. Entre 365 dias do ano, um dia tem que ser seu, concorda?

Não sei se digo que é mais um ano ou menos um. Mais um de vivência e menos um a se viver.

A cada ano que passa mais eu penso: “Como provarei minha idade?” Estacionei nos 15 anos! Essa afirmativa se expande ao comportamento, aparência, tamanho e  roupas. Por um lado é bom, aliás, o lado bom mesmo chegará mais tarde quando eu estiver mais madura, e poderei mentir a idade com tranquilidade. Embora aparentemente eu pareça “novinha”, sou super responsável e determinada, ou seja, a mentalidade possui uma  idade mais compatível com a idade real.

Fiz 29 anos, mas prefiro falar dos 28 anos... Tive férias maravilhosas, fiz esse blog, cortei o cabelo, fui pela 1ª vez ao Rock in Rio, entrei para academia, conheci muitas pessoas maravilhosas e uma extremamente má. Tudo valeu a pena!


Acredito em tudo que cerca data de aniversário, qualquer coincidência, mas fazer aniversário no mês das noivas, mês das mães,  Nossa Senhora e da matemática é bem contraditório aos meus costumes. O signo me caiu bem, o pior signo do zodíaco, infelizmente. Um mês de comemorações comumente boas + signo ruim = equilíbrio (hahahahaha). 
Gosto da temperatura e gosto das pessoas do mesmo mês (faço 2 dias antes do Pai).
A astrologia diz que maio traz reestruturação de vários setores da vida e eu sinto isso. É interessante a energia positiva que maio me traz, talvez seja efeito placebo, não sei, mas ter toda essa positividade exalada no mês me faz crer que é início do meu ano, é a partir de maio que tomo rumo.
Adeus maio, tu tens 5 dias para deixar saudades, agora, só ano que vem!


segunda-feira, 14 de abril de 2014

O crime de não gostar do futebol


 Uma coisa me intriga, nem tanto pela pergunta, mas como ela é feita... ninguém diz: “vc tem time?”, mas sim: ”qual é o seu time?”. E quando eu respondo que não torço pra nenhum, dão risadas ou usam meu sexo como justificativa. Por algumas vezes para evitar explicações, dizia me simpatizar pelo botafogo, errei feio, a explicação não poderia faltar.

Como se escolhe um time? O que se leva em consideração em uma escolha? Procura-se primeiramente a individualidade buscando, contraditoriamente, participar de um grupo onde o principal objetivo é torcer por homens que ganham dinheiro se divertindo enquanto você fica mais pobre ao pagar o ingresso. No final das contas, quem ganha é o mercado: técnico, locutor, comentarista, fabricante de camisas, patrocinador, editor de álbuns de figurinha, a tv e até o jornaleiro, o único que não ganha é você. 
Trata-se de um esporte que estimula o fanatismo para benefício unicamente próprio, uma fábrica que produz gente que, reconhecidamente, leva o futebol mais a sério que os jogadores.
E isso resulta em brigas de torcidas “desorganizadas”. Enquanto os jogadores saem de campo escoltados por seus seguranças, grupos rivais de torcedores se enfrentam com violência nos estádios e fora deles. Violência essa que se estende às redes sociais, que por sinal, inclui racismo, preconceito e ofensas de todas as formas. 


Terá sempre um torcedor que dirá: “sou torcedor, mas sou da paz”. É como comprar droga e dizer que não financia o tráfico. Ser cúmplice te torna tão violento quanto o agressor.


Nesse esporte, as regras são amplas apenas para os jogadores, eles podem trocar de time, o torcedor pode trocar de mulher, de casa, de emprego, de sexo, mas de time, não! Isso tem um nome: vira casaca.

A supervalorização midiática dos jogadores os tornam cada vez mais ídolos das crianças. Na verdade, vários jovens sonham com esse universo futebolístico, nascem, crescem e vivem pensando em sair da pobreza e ganhar muito dinheiro, o estudo fica em segundo plano. Os clubes de futebol cada vez mais investem nas categorias de base e para os jogadores sobram apenas migalhas do montante financeiro envolvido. Uma triste e pobre cultura brasileira.

Queria gostar do que habitualmente se gosta. Reconheço que disso se pode presumir em mim falta de brasilidade, mas como uma boa e típica brasileira, sei o que me é inapropriado.



quarta-feira, 12 de março de 2014

Ônibus não se pega, se conquista!


Se você é pobre, pobre mesmo, se identificará, em partes.
Ando de ônibus, nem sempre é bom (é uma merda), mas a minha visão sobre as situações que passo nessas “latas de sardinha” são peculiares. Analisemos... No ônibus sempre terá um gato que não vai te olhar e um coroa esticando-se para ver seu decote, uma mulher grávida para tomar seu lugar no assento, uma pessoa quase caindo de tão atrapalhada, um funkeiro com alto falante ching ling, um conhecido (a), uma pessoa que parece com alguém que você conhece e um assaltante (Tá, exagerei!).

E quem nunca passou por aquele momento que os ônibus param um ao lado do outro e os passageiros ficam se olhando? Tosco, né?!
Quem nunca pensou em puxar aquelas alavancas vermelhas, que são fixadas nas laterais das janelas de um ônibus, não sabe o que é ser curioso.
E aquela sensação de frio na barriga quando perdemos um ônibus, como se naquele instante toda sua vida dependesse disso.

Em virtude (ou não) do meu tamanho, de pé, fico na altura dos suvacos (vulgo axilas, sim, porque falar suvaco combina mais com a insignificância da parte), se meus vizinhos de ônibus estiverem com o desodorante em dia, ok! Mas se estiver “vencido” troco de lugar, não dá para ficar uma viagem inteira tonta.

E a pessoa que me pede licença para passar... oi? Gostaria que eu fosse menor? Não posso me encolher mais!

Se sento, fico bem, na mesma altura das pessoas “normais”, mas nem sempre as espessuras combinam, né?! Já sou compacta e a pessoa ainda me espreme no cantinho, imagine se fossem duas grandes circunferências? O que fazer?

Mas tem dia que está tudo tranquilo, ônibus vazio, brisa na janela, ninguém sentado ao lado, até que senta uma senhora, até aí tudo bem, mas a Senhora quer conversar e, a partir daí, começa o drama. Não quero mais conversar sobre a demolição da Perimetral e o quão idiota é o Eduardo Paes ou comentar sobre o calorão. Queria tirar um cochilinho, mas não, tenho que ficar com cara de paisagem dando atenção a senhora falante, coitada. Ela gosta de falar, e eu de dormir. Ela está certa.

Esta semana aconteceu o que eu sempre temi: O bus passou do ponto! Gritei: - MOTORISTA! Também temia por gritar isso, afinal, ele sabe que é motorista. Quando desembarquei, como de praxe, pensei em dizer um desaforo do tipo: - seu corno!  Mas gritei: - FEIO! Desci bem rápido mas ainda a tempo de escutar algumas risadas.

Porém, meu temor diário está no desembarque na rua onde resido, numa encruzilhada onde concentra-se, oferendas, lixos, uma feira de peixe, sacolão e um fio pendurado em formato de forca vinda do poste. Me sinto uma gazela louca dando o meu salto de largada numa olimpíada. O motorista tem uma rua inteira para parar, mas é na encruzilhada que ele gosta. FEIO!

Pago R$ 3,00 (absurdamente), num calor de 50 ºC, espremida, numa lata velha sem conforto algum, mas por enquanto como não posso mudar essa situação, levo na comédia. É o velho ditado:  rir para não chorar.


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Multimídias touretticas


Após 300 visualizações sobre o artigo que fiz sobre a Síndrome de Tourette, resolvi complementar o texto anterior. Fiquei feliz, porque cada vez que uma pessoa se interessa em ler algo sobre a ST, menos uma criatura ignorante e preconceituosa conheceremos.
Como muitos já sabem, me importo pela causa não só porque convivo com uma pessoa que tem a ST, mas também pela falta de informação, pesquisas e parâmetros médicos pelo qual a ST é submetida, digo isso pelos diagnósticos tardios relatados em depoimentos e pela procura cansativa por um profissional que tenha conhecimento da síndrome. Certa vez, ao procurarmos um psiquiatra, ele consultou um livro na nossa frente para saber o que é ST e enquanto conciliava a pesquisa com sua conversa no msn, nos disse: “Terão que procurar um outro profissional”, mas na verdade ele deveria ter ocultado a palavra “outro”em sua única e finalizadora frase.


Existem também as distorções de informações, por exemplo, no site do Dr. Drauzio Varella, onde há um resumo do tema, ele diz que os tiques persistem por mais de um ano. Ora, mais de um ano? A vida inteira, Dr.

Um site que gosto e considero mais completo para leigos no assunto é esse: http://saude.hsw.uol.com.br/tourette.htm por incrível que pareça.  Aparentemente é um pouco bagunçado, mas tem bastante conteúdo.

Podemos ler muito sobre tourette e pouco se pode entender. Embora hoje tenhamos uma ampla rede de informações, poucas relatam rotinas, sentimentos, dificuldades e o pior dentre esses: o preconceito. Comentam-se muito sobre as características físicas que são tão ruins quanto os danos psicológicos, por esse motivo, cria-se a incompreensão de atos e pensamentos dos portadores de ST.

Na semana passada, o tema foi abordado num programa popular. Quando finalmente a ST se tornaria conhecida verdadeiramente, a oportunidade caiu por terra. O programa começou satirizando os tiques e os comparando com manias de pessoas comuns. Após exibir vídeos realistas de pessoas no auge de suas crises “touretticas”, entrevistaram dois portadores de ST que não fazem tiques, por fim convidaram uma psiquiatra que comentou sobre a ST didaticamente, como se a teoria conseguisse definir a complexidade da síndrome. Ao menos o nome se tornou um pouco mais conhecido e quem sabe foi dado o primeiro passo de uma popularização do assunto. E que seja uma divulgação mais fiel e sincera que sensacionalista. Vejam... https://www.youtube.com/watch?v=E76Sa0seZng#t=57.

Certa vez, ao ler as personalidades do signo do meu namorado, percebi que não era o mapa astrológico que o definia, nada era compatível. Não que eu vá acreditar em horóscopo, mas alguma característica tem que coincidir com a pessoa do signo já que as definições estabelecidas são comuns. Mas percebi que o que define a personalidade do meu parceiro é a sua própria síndrome. Tudo o que ele é, pensa, age e sonha foram determinadas pela ST, um horóscopo à parte. E cada “tourettico” tem sua personalização. Já conheci o mais revoltado com sua situação de portador, outro que ignora o quanto pode a ST para viver socialmente, um que se isola do mundo e por fim o meu “tourettico” maluco beleza. Todos irmãos em tourette!

Não importa o que você leia, tenha ouvido falar ou pense sobre a ST, é preciso conhecê-la para respeitá-la.


sábado, 11 de janeiro de 2014

Amizades desconexas


Nossa! Primeiro mês do ano! Embora saudosistas e entusiasmados fiquemos com o ciclo que se inicia, eis a realidade das renovações contratuais anuais, seja escolar, da faculdade, da academia, do clube... da amizade. 
Conhecer novas pessoas ou descartá-las são tarefas mais fáceis que renová-las. Manter amizades num ambiente onde não temos tempo nem para nós mesmos virou relíquia.
Colocamos à frente, o trabalho, problemas familiares, casa... e de fato realmente devem estar à frente mesmo, o que fica para trás é  o que não deve ser esquecido, mas sim preservado quando se trata de amizade.
Em uma sociedade moderna onde a amizade é catalisada pela internet, o relacionamento ficou banal. Ao mesmo tempo em que podemos ter 1.000 amigos virtuais, podemos desfazê-los em um clique, e na verdade não se tem “amigos” e sim conexões, propriamente ditas.

O comportamento social é uma característica primitiva, as redes sociais virtuais, não. O que fundamentalmente serviriam para relacionar pessoas, as afastam cada vez mais. O “Oi”, “te amo” e “beijos” são digitados e isso nos basta, aliás, um “like” já está de bom tamanho. 

Se aos poucos as ligações caem em desuso, que se dirá de um encontro? Sinto saudades de quando eu era criança e se quisesse manter um amigo, teríamos que nos encontrar, brincar, conversar. As crianças de hoje têm facebook pelo smartphone. Eu tinha amigos de carne e osso. E veja bem, estou relembrando infância de 20 ou 15 anos atrás, passado recente.

Está certo que as redes sociais nos ajudam a reencontrar pessoas que perdemos o contato, nos conectam aos amigos que moram longe, nos permitem matar saudades de quem não podemos ver em tais momentos e arrisco dizer que obtenho informações magníficas vindas de compartilhamentos em redes sociais, e porque não? As redes sociais virtuais poderiam ser apenas novas formas de relacionamento se soubéssemos conviver com ambas, sem que uma forma não anulasse a outra, pois elas têm objetivos diferentes. Uma é fria e a outra é amizade!

O sociólogo polonês preocupado em compreender a sociedade pós-moderna, Zygmunt Bauman, 87 anos, define assim comunidade e rede: “A comunidade precede você. Você nasce em uma comunidade. De outro lado temos a rede, o que é uma rede? Ao contrário da comunidade, a rede é feita e mantida viva por duas atividades diferentes: conectar e desconectar”.


Meus caros e velhos amigos, espero que possamos, nesse ano que se inicia, nos encontrarmos mais vezes, de verdade, digo, poder nos abraçar, conversar olho a olho e gargalhar como a pelo menos 15 anos atrás e conciliarmos esses encontros com whatsapp, in box no face, likes, blog e afins. Beijos saudosos!