quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A droga da leitura


Eu não gosto mais de ler.
Esse texto refere-se basicamente aos livros.
Você já deve saber que ler é bom, fundamental, saudável entre outros bens, de fato é, quem sou eu para dizer o contrário?!
 
Quando criança, lembro-me de ouvir “estórias” bíblicas, quando estudante, lia livros didáticos, gibis e até horóscopo no jornal, quando adulta li best-sellers, tutoriais e tudo o que aparecia. Comecei a ler coisas que eu já não concordava, já me causava tédio os finais previsíveis. Lia mas estava na hora de ver os amigos, trabalhar, estudar, sair e dormir. Não havia mais tempo para ler. Há quem goste de ler no transporte, mas você acha que vou perder de ver pela janela cenas inusitadas do cotidiano, perder aquela garota diferente entrando no ônibus, perder a minha avaliação sobre a conduta do motorista, perder o “oi” dito para aquela pessoa que de repente entrou no coletivo e há tempos eu não encontrava? NÃO! Sem contar em dar oportunidade daquele (a) espertinho (a) de mexer na minha bolsa enquanto estou lendo, definitivamente, NÃO! Há também quem goste de ler na hora de dormir, mas espera, não é hora de dormir? 

Dizem que a leitura te traz conhecimento, concordo, mas conheço pessoas que leem frequentemente e são caretas, conservadoras e limitadas ao conhecimento do que lê. Aprenderiam mais num bar underground, na realidade, na vida.

Não é que definitivamente não gosto de ler nada, até gosto, tem que me interessar muito, por exemplo: gosto de artigos neurológicos e biografia de gênios. Gosto mas não os leio com frequência. Um único best-seller que gostei foi “O código da Vinci”, li como se estivesse vivendo um filme, achei genial e vi o filme por 3 vezes.

Eu sei, esse texto fica paradoxal, como abdicar da leitura se estou escrevendo?
O texto é só um desabafo, não me orgulho e não estou fadada ao aniquilamento pessoal da leitura, só acho uma droga ler de tudo, prefiro viver de tudo.


Essa crônica é sobre uma mulher que trabalhava numa livraria, mas odiava ler, o autor pretendia mostrá-la que ler expandiria sua mente, ela o fez mutuamente:

“(...) 
Pensei em criar uma crônica que a fizesse rir ou mesmo chorar; quem sabe escrever um poema que a fizesse roubar os meus versos e dizer que eram seus; mas daí lembrei que respeitar o mundo alheio é fazer prevalecer o direito que todos temos de desgostar daquilo que gosta o mundo inteiro.”
Eu odeio ler (Frank Oliveira)