Ando de ônibus, nem sempre é bom (é uma merda), mas a minha visão sobre as
situações que passo nessas “latas de sardinha” são peculiares. Analisemos... No
ônibus sempre terá um gato que não vai te olhar e um coroa esticando-se para
ver seu decote, uma mulher grávida para tomar seu lugar no assento, uma pessoa
quase caindo de tão atrapalhada, um funkeiro com alto falante ching ling, um
conhecido (a), uma pessoa que parece com alguém que você conhece e um
assaltante (Tá, exagerei!).
E quem nunca passou por aquele momento que os ônibus
param um ao lado do outro e os passageiros ficam se olhando? Tosco, né?!
Quem nunca pensou em puxar aquelas alavancas vermelhas,
que são fixadas nas laterais das janelas de um ônibus, não sabe o que é ser
curioso.
E aquela sensação de frio na barriga quando perdemos um
ônibus, como se naquele instante toda sua vida dependesse disso.
Em virtude (ou não) do meu tamanho, de pé, fico na altura
dos suvacos (vulgo axilas, sim, porque falar suvaco combina mais com a insignificância da parte), se meus vizinhos de ônibus estiverem com o
desodorante em dia, ok! Mas se estiver “vencido” troco de lugar, não dá para
ficar uma viagem inteira tonta.
E a pessoa que me pede licença para passar... oi? Gostaria
que eu fosse menor? Não posso me encolher mais!
Se sento, fico bem, na mesma altura das pessoas “normais”,
mas nem sempre as espessuras combinam, né?! Já sou compacta e a pessoa ainda me
espreme no cantinho, imagine se fossem duas grandes circunferências? O que fazer?
Mas tem dia que está tudo tranquilo, ônibus vazio, brisa na
janela, ninguém sentado ao lado, até que senta uma senhora, até aí tudo bem,
mas a Senhora quer conversar e, a partir daí, começa o drama. Não quero mais
conversar sobre a demolição da Perimetral e o quão idiota é o Eduardo Paes ou
comentar sobre o calorão. Queria tirar um cochilinho, mas não, tenho que ficar
com cara de paisagem dando atenção a senhora falante, coitada. Ela gosta de
falar, e eu de dormir. Ela está certa.
Esta semana aconteceu o que eu sempre temi: O bus passou do
ponto! Gritei: - MOTORISTA! Também temia por gritar isso, afinal, ele sabe que é
motorista. Quando desembarquei, como de praxe, pensei em dizer um desaforo do
tipo: - seu corno! Mas gritei: - FEIO!
Desci bem rápido mas ainda a tempo de escutar algumas risadas.
Porém, meu temor diário está no desembarque na rua onde
resido, numa encruzilhada onde concentra-se, oferendas, lixos, uma feira de
peixe, sacolão e um fio pendurado em formato de forca vinda do poste. Me sinto
uma gazela louca dando o meu salto de largada numa olimpíada. O motorista tem
uma rua inteira para parar, mas é na encruzilhada que ele gosta. FEIO!
Pago R$ 3,00 (absurdamente), num calor de 50 ºC, espremida,
numa lata velha sem conforto algum, mas por enquanto como não posso mudar essa
situação, levo na comédia. É o velho ditado:
rir para não chorar.