Não se pode entender o que não se conhece. Não se
discute o que não se viveu. Temos apenas uma ideia do que seja, às vezes uma
ideia bem próxima, mas ainda assim, não o suficiente. Neste momento, estou
assimilando o que me era incompreensível antes.
Venho como caloura caindo de paraquedas no mistério das doenças psicológicas,
digo, estou doente, levemente doente. Uma espécie de paranóia vinda de traumas
vividos recentemente e de violências vistas por algumas vezes de frente. Por
conta disso, adquiri uma taquicardia, um descontrole da respiração e nervosismo
pós-sintomas. Clinicamente, não tenho nada além de 'simples' taquicardia,
ansiedade e estresse e cada vez que ouço isso, (pelo menos 10 vezes nos últimos
meses pelos médicos) fico mais encucada. Quantos mistérios terei que
desmistificar da mente?
Enquanto duramente saudável, eu mantinha uma teoria
pessoal de que as doenças psicológicas, paranóias e medos quando não se
adquiria geneticamente, era pelo ambiente, e a teoria hoje se confirma pelo
menos no meu caso. Explico: Se você convive com pessoas que falam sobre o
assunto, presencia tais loucuras, convive com a pressão profissional, a pressão
que exercemos sobre nós mesmos, assiste impotente as corrupções (que vai desde
os ‘fura filas’ até o governo) e cobranças naturais do tempo, fazem com que as
chances da sua mente contrair e aceitar determinados 'descontroles' se elevem.
É claro que alguns seres têm a proeza de postergar ou até mesmo ignorar
definitivamente tais doenças, mas me limito a entender tal fenômeno, apenas
admiro e almejo.
É uma batalha particular, onde os dois lados da moeda se confrontam no campo
chamado "eu". Uma angústia toma conta do peito e a partir daí tenho
que lutar contra esse sentimento, enquanto o meu físico mantenho sem esboçar
qualquer esforço. Sinto-me mascarada.
Ainda trabalho, escrevo, saio, vivo como antes, sem compartilhar com ninguém a
hora do meu desespero, não tenho nada demais, só uma bobagem momentânea. De
boa. Conheço os loucos e estou longe dessa insanidade mental genial.