sábado, 11 de janeiro de 2014

Amizades desconexas


Nossa! Primeiro mês do ano! Embora saudosistas e entusiasmados fiquemos com o ciclo que se inicia, eis a realidade das renovações contratuais anuais, seja escolar, da faculdade, da academia, do clube... da amizade. 
Conhecer novas pessoas ou descartá-las são tarefas mais fáceis que renová-las. Manter amizades num ambiente onde não temos tempo nem para nós mesmos virou relíquia.
Colocamos à frente, o trabalho, problemas familiares, casa... e de fato realmente devem estar à frente mesmo, o que fica para trás é  o que não deve ser esquecido, mas sim preservado quando se trata de amizade.
Em uma sociedade moderna onde a amizade é catalisada pela internet, o relacionamento ficou banal. Ao mesmo tempo em que podemos ter 1.000 amigos virtuais, podemos desfazê-los em um clique, e na verdade não se tem “amigos” e sim conexões, propriamente ditas.

O comportamento social é uma característica primitiva, as redes sociais virtuais, não. O que fundamentalmente serviriam para relacionar pessoas, as afastam cada vez mais. O “Oi”, “te amo” e “beijos” são digitados e isso nos basta, aliás, um “like” já está de bom tamanho. 

Se aos poucos as ligações caem em desuso, que se dirá de um encontro? Sinto saudades de quando eu era criança e se quisesse manter um amigo, teríamos que nos encontrar, brincar, conversar. As crianças de hoje têm facebook pelo smartphone. Eu tinha amigos de carne e osso. E veja bem, estou relembrando infância de 20 ou 15 anos atrás, passado recente.

Está certo que as redes sociais nos ajudam a reencontrar pessoas que perdemos o contato, nos conectam aos amigos que moram longe, nos permitem matar saudades de quem não podemos ver em tais momentos e arrisco dizer que obtenho informações magníficas vindas de compartilhamentos em redes sociais, e porque não? As redes sociais virtuais poderiam ser apenas novas formas de relacionamento se soubéssemos conviver com ambas, sem que uma forma não anulasse a outra, pois elas têm objetivos diferentes. Uma é fria e a outra é amizade!

O sociólogo polonês preocupado em compreender a sociedade pós-moderna, Zygmunt Bauman, 87 anos, define assim comunidade e rede: “A comunidade precede você. Você nasce em uma comunidade. De outro lado temos a rede, o que é uma rede? Ao contrário da comunidade, a rede é feita e mantida viva por duas atividades diferentes: conectar e desconectar”.


Meus caros e velhos amigos, espero que possamos, nesse ano que se inicia, nos encontrarmos mais vezes, de verdade, digo, poder nos abraçar, conversar olho a olho e gargalhar como a pelo menos 15 anos atrás e conciliarmos esses encontros com whatsapp, in box no face, likes, blog e afins. Beijos saudosos!


3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Isso realmente é preocupante. Nos dias atuais, a amizade se transformou numa simples palavra sem o significado verdadeiro de outrora. Ao mesmo tempo, as redes sociais servem para reaproximar pessoas que há muito não se viam, não se falavam e, só isso, já basta para ser importante e cumprir bem seu papel.
    Mas, realmente, nada substitui o olho a olho, o abraço amigo e as risadas ao vivo, sem aqueles "rs" e kkk tão próprios do dias atuais.

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  3. Puxa, esse é um assunto que rende! Sair do facebook foi um exercício e tanto pra mim nesse sentido. Só aí me dei conta da quantidade de pessoas, que eu gosto de verdade, mas que só tinha contato por lá, por um motivo ou outro. Algumas pessoas nem telefone eu tinha. Claro que vou voltar pro facebook uma hora, mas mudar algumas coisas é importante no modo como me relaciono por ali. Só não acho que as redes sociais virtuais distanciam as pessoas:na minha opinião, a maioria de nossas relações são superficiais mesmo, mas as redes escancaram isso. De resto, achei massa vc citar o Bauman, haha. Beijos, Deborah!

    P.s: você, aliás, é uma das pessoas que não tenho outra forma de contato , rsrs.

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