Era uma vez, uma linda princesa que esperava pelo príncipe encantado. Quando finalmente ele chegou para pedir sua mão em casamento, ela pensou melhor e decidiu trabalhar, comprar um apartamento, viajar com os amigos ajudar a família, abrir uma ONG, adotar uma criança e foi feliz para sempre! Algo de errado no conto? A Disney diria que sim.
Primeiramente, uma princesa de conto de fadas Disney tem que
ser jovem, bela, incapaz de se salvar e com um único objetivo: casar para ser
feliz. Assume-se que o casamento com o homem “certo” é uma garantia de
felicidade e a adequada recompensa para uma jovem sensata.
Nos contos, o feminino é estereotipado, os das boas meninas
(belas, submissas, fracas e virgens) e das más (feias, violentas, sozinhas e
encalhadas). Esta caracterização implica que, se uma
mulher não aceita o papel que o sistema lhe apresenta, então o único que lhe
resta é o de um ser monstruoso e que terá um terrível final.
Vejamos o conto da Bela Adormecida, tadinha, ela só queria
dormir, descansar e daí vem um príncipe e a acorda (estou sendo irônica). E ela
ainda tem que casar com o homem que a beijar, independente do sentimento de
ambos.
Como admirar a Cinderela com sua submissão à família e a
espera dela por um homem que a salve?
Branca de Neve, a matriarca das princesas. Teve o papel de
mãe de 7 anões e tinha que arrumar a casa e cozinhar para eles como escrava
enquanto esperava pelo príncipe.
Os valores machistas (de homens e mulheres) estão por todas
as partes. Procure um brinquedo para menina e encontrará: vassouras, pias de
lavar louça, tábuas de passar roupas, carrinhos de compras e bebês, tudo em
tons rosa.
Por mais que se fale hoje em modernidade e avanço da
sociedade, tais contos e mentalidades arcaicas ainda assombram a sociedade
subversiva do tão falado século XXI.
Se ainda hoje em dia uma mulher disser que não sabe cozinhar, as pessoas se
espantam, tenho isso como experiência, será que para ser mulher tenho que
cozinhar?
Não sou contra o casamento, a não ser que, o casamento seja
visto como única forma de felicidade ou satisfação à sociedade. Não sou contra
ter filho, a não ser que, te-lo seja um
ato egoísta de carência, por motivos religiosos de procriação ou achar que só se
constitui uma família se houver um herdeiro. Não sou contra as donas de casa, a
não ser que, você esteja acomodada com a situação. Não sou contra a virgindade,
a não ser que, você só esteja se privando por temer aos algozes. Não sou contra
a Amélia de Mario Lago, se ela é feliz e vive a vida que quis. E nem tão a
favor da Amelie Poulain se ela não estiver sendo verdadeira.
Mulher, entenda, você pode ser o que quiser, desde Cinderela
a ativista, mas primeiro pense se é isso o que deseja ou se está apenas obedecendo
ao sistema. O machismo também é
praticado por mulheres, aquelas que aceitam ser segundo plano. Seja feliz como
queira, sendo sincera consigo mesma.