quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Tráfico de vidas


Me impressiona a frieza com que algumas pessoas desprezam em rede social outras pelo erro alheio. Muitas dessas que julgam, me surpreendem por acreditarem numa religião, ignorando o perdão, a mudança humana pra melhor, guardando rancor e se alimentando de ódio achando que estão clamando por justiça.
Quando executaram na Indonésia o brasileiro traficante, Marco Archer, eu li e ouvi absurdos do tipo: "tá com pena? Leva pra casa", "de traficante passou a herói" e por aí vai. Executar alguém é crime, cruel e frio. Quando você é a favor dessa barbaridade, se torna tão cruel quanto o que executa a ação. Já se colocou no lugar de mãe desse cidadão? Faço essa pergunta imaginando resposta como: "se fosse meu filho, não faria isso", como se alguém pudesse prever o futuro.
Comparo a atividade de Marco Archer com a de um dono de bar, ambos vendem drogas, com a única diferença de legalidade. 
Matar traficantes é claramente desproporcional ao impacto à vida humana causada pelo produto que vendem. Matar é menos trabalhoso que recuperar,  mas levar alguém à morte é um erro irreparável.

"Não há evidências confiáveis que atestem a eficácia da pena de morte em prevenir crimes. O próprio fato de as pessoas, mesmo sabendo desse tipo de pena, continuarem a cometer crimes, é prova disso", explica Rafael Franzini, representante no Brasil do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc).
Sou contra a pena de morte, execuções e qualquer tipo de violência seja ela de quem for  e acho que nada  justifica os atos extremos. Sou contra o atentado ao Charlie Hebbo, independente do que os cartunistas fizeram, sou contra o terrorismo de Boko Haram na Nigéria causado por divergências religiosas e tantos outros atentados de pequena ou grande escala, aqui ou fora do Brasil.

Não basta esperar ajuda de forças superiores, é necessário que pessoas contra essa carnificina tomem posição e se manifestem. Acredito na política de recuperação e nas leis que respeitem o Ser, como errante e como aprendiz. Não ao tráfico de vidas!